segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Time is on my side (Yes it is)

Parece que foi ontem. Quantas vezes a gente repete essa frase na vida? Apego ao passado, nostalgia, medo do desconhecido, incapacidade de lidar com o presente ou apenas saudade boa, boas lembranças...



Toda mudança gera crise e ter um bebê gera crises quase constantes. Por crise, entendam aqueles momentos em que tudo o que era conhecido já não funciona, mudança em geral - de paradigma, de realidade, de opinião, de desejo... De ideia então, nem se fala!

Passamos nove meses com o corpo mudando todo dia. Entramos em trabalho de parto e, por algumas horas, o corpo muda a cada minuto. No período expulsivo, muda a cada segundo e, no fim dele, muda tudo! Nascem duas novas pessoas - bebê e mãe.

A partir daí, mudança vira status quo. Muda a rotina da casa, as horas de sono, a relação do casal, o tempo para fazer as coisas. Muda o período entre as mamadas, o tamanho das roupas e das fraldas, a frequência das visitas ao pediatra.

E quando você estabelece um arremedo de rotina, já consegue saber o melhor momento de ir tomar banho sem risco de o bebê acordar, ou qual posição ele prefere para mamar, para dormir... É hora da introdução alimentar, e da volta ao trabalho.

Estamos neste momento aqui: introdução alimentar e volta ao trabalho. Tudo ao mesmo tempo agora.

Como de costume nesta família, sem dramas. O pequeno parece que já nasceu comendo. Não preciso nem dar o peito depois das duas refeições que ele já faz -  o lanche da manhã e o almoço. As demais, segue no peito.

É claro, no entanto, que mesmo tendo sido tudo tranquilo nos últimos dias, na minha cabeça amanhã vai ser o caos. Uma hecatombe vai acontecer porque eu estarei afastada de casa por cerca de cinco horas e meu bebê não será capaz de sobreviver sem minha imprescindível, insubstituível, essencial presença. Como, por Odin, o pai, que carrega, troca fraldas, passeia, faz dormir, brinca, COMO ele vai cuidar do pequeno, seu próprio filho, que se acalma e ri só de ouvir sua voz, sem a minha - A MINHA - presença?

Mãe não é tudo igual. Mas mãe é tudo igual. Os noventa dias que minha mãe tinha de licença maternidade eram pouco. Os 120 dias que a maioria das mães hoje têm são pouco. Os 180 dias que privilegiadas como eu têm são pouco. Ainda que trabalhando 20 horas semanais. É muito tempo para ficar em casa, longe das atividades profissionais que amo. Mas é pouco para ficar com meu filho.

Não vejo a hora de voltar ao trabalho. Não vejo a hora de voltar pra casa.