quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Avós... Como "lhedar"?!

Tive filhos para eu criar. Aliás, tivemos, Eduardo e eu. Sem babás, sem arranjos para a avó levar na natação ou ficar com eles duas ou três vezes na semana.

Não vejo problema algum em ter essas ajudas, mas não foi nossa escolha. E, felizmente, temos a possibilidade de prescindir delas. Sei o quão raro é isso nos dias de hoje, sei que somos privilegiados, e também sei que há (muitos) custos nessa escolha.

Alice e Miguel têm a sorte de ter as duas avós e os dois avôs vivos. Como se não bastasse, ainda têm a fortuna de ter uma bisa!

Devido à escolha supracitada, todos eles podem ser simplesmente avós... Daqueles de livro, de filme. Dar presentes, mimar, "deseducar" como algumas pessoas dizem ser papel dos avós. E são tudo o que eu queria deles para meus filhos. Cada um a sua maneira, criarão memórias maravilhosas para os netos e bisnetos.

Que maravilha, não? Bem... Quase! Talvez tenhamos, Eduardo e eu, deixado claro demais o papel que queríamos que os avós desempenhassem na vida das crianças. Sobretudo porque uma das avós mora na casa ao lado. Não sendo avó de fim de semana, aquela história de "em casa de vó pode tudo" vira o cotidiano.

Alice já aprendeu a pedir brigadeiro com voz manhosa, e sabe exatamente onde ficam guardadas as balas. Sabe fazer beiço quando digo que não é hora, e sabe até que basta esperar eu sair de perto.

E na casa da bisa, então?! Pelo menos lá as visitas são, no máximo, semanais. Porque lá nem adianta eu tentar exercer minha autoridade... Minha avó só ri da minha cara e faz todas as vontades da Alice (e as suas próprias também). Bala de goma às nove da manhã? Temos! Até pururuca minha avó já deu e me contou morrendo de rir, sabendo que eu ia quase enfartar.

Se fosse só a alimentação, ok, a gente consegue manejar. Mas e quando a questão são os valores? Minha mãe, por exemplo, enche os pequenos de presentes... Uma quantidade absurda de brinquedos, roupinhas e dvds de personagens da moda, que me fazem arrepiar só de ver. Isso torna a tarefa de ensinar a não ser consumista e não se pautar pelo que está em voga, sem nenhuma crítica a respeito, muito mais difícil! E quando a criança começa a ficar um pouquinho inquieta e a avó logo liga a TV? Isso depois de eu ter feito um discurso de meia hora para a pequena no dia anterior, sobre não ser legal ver muita televisão, sobre a necessidade de brincar e se entreter com outras coisas...

Juro que não estava nos meus planos ensinar limites para os filhos E avós. Em certa medida, não acho nem certo ficar podando avós. Não me sinto nada confortável. Então, me sobra ser a chata que repete insistentemente que aqui em casa é diferente da casa da vovó. De todas as vovós.

É pior que pai separado, que só busca as crianças quinzenalmente e deixam os filhos fazerem tudo, compram tudo o que pedem. Nesse caso tentam compensar a ausência e competir com a mãe. Avó não... Avó não tem concorrência e ainda têm o argumento final de que sempre vão ter autoridade sobre nós. E os pequenos aproveitam!

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