quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Meu apego aos significantes e os nomes dos meus pequenos. Ou S >>>>>> s.

O amor pelos significantes precede meu interesse pela psicanálise. Vem da infância, eu acho, quando já prestava muita atenção em como os nomes "vestiam" as pessoas. Não à tôa, um dos meus livros infantis favoritos foi "Marcelo, marmelo, martelo". Adorava o menino que cismou com o nome das coisas.

"- E a fruta não podia chamar Marcelo, e eu chamar marmelo?"
Alice está na fase deliciosa de inventar palavras, perguntar o significado e o por quê de tudo... Os significantes concretos, colados no significado! Me divirto muito com os "Mãe, eu sou muito ajudadeira, né?", ou "ele (o smile do sapato) está "ismai"ando". E a carinha de confusa quando descobre que uma mesma palavra pode nomear duas coisas diferentes?! Passa dias especificando de qual significado está falando: a manga fruta, a manga da blusa. Delícia!

Me esbaldo com os usos magistrais dos significantes na literatura. AMO o fato de a protagonista do "Vidas secas" se chamar Vitória, e a cadelinha Baleia. Não preciso nem falar da minha paixão por Guimarães Rosa, né? Ou das mulheres de diferentes gerações em "Casa dos espíritos" se chamarem Clara, Branca, Alva (ou Alba?).

Hoje estava lendo um post num dos blogs de mães que acompanho, e me peguei divertida com o fato de o primogênito da autora se chamar Benjamim.

Nunca procurei saber o significado do nome dos meus filhos. De Miguel, aliás, não sei até hoje. A Alice ganhou um quadro com o significado, então eu fiquei sabendo. Escolhi ambos pela sonoridade e pelo que o significante tinha de significado subjetivo.

Alice, para mim, é aquela menina curiosa, capaz de estranhar, mas conviver com a maior naturalidade com as coisas mais diferentes, mesmo que de outro mundo. Corajosa e com muita vontade de conhecer. Não se conforma com qualquer resposta e adora invencionices. Vocês não imaginam a alegria que me dá vê-la correndo atrás de coelhos na escola! Rsrsrsrs. A minha pequena Alice é a Alice do meu imaginário.

O nome do Miguel foi muito difícil de escolher. Eram poucos os nomes de menino de que gostávamos, e nunca chegávamos num consenso. Dos meus maiores ídolos literários, não queria os nomes - José (Saramago) e Gabriel (García-Márquez), e Dudu não queria João (Guimarães Rosa). Como sou apaixonada por Dom Quixote, me lembrei de Miguel (de Cervantes). E pensei em outros ídolos que levam a variante germânica ou britânica, Michael... Concordamos, ficou Miguel. Já sei, pela pressa no parto, que ele gosta de correr (Schumacher); que é bastante ligado em música e adora um balanço (Jackson); que é afeito a uma luta e é capaz de derrotar moinhos, o que provou chegando ao mundo de forma natural, a despeito de uma miomectomia e uma cesárea a que fui submetida anteriormente!

Acho que escolhi belos e adequados significantes para nomear meus pequenos.


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