terça-feira, 2 de setembro de 2014

Dos partos que eu tive... - Parte III: É drama, aventura, mentira, comédia romântica.

Logo após o parto, fui possuída por um espírito maternal que simplesmente sabia o que fazer. Dá medo, susto, frio na barriga, desespero, vontade de chorar... Mas sobretudo dá alegria, muita alegria. E uma força sabe-se lá de onde.

Ainda no hospital, estava meio zonza, me situando, nos conhecendo e os adaptando a uma nova realidade que não há livro, blog, conversa, palestra, aula, nada que nos prepare. Mas eu fazia: trocava fralda, dava banho, amamentava, calava o choro, acalentava, cheirava e olhava sem parar, numa admiração sem tamanho!



O corte doía, mas estava sob efeito de medicação. Sou do tipo que tem sono com Paracetamol 750mg. Levantei algumas vezes durante a noite para trocá-la, para ver por quê chorava no bercinho de acrílico a meu lado, para ir ao banheiro. E o corte doía, e a movimentação era difícil, os movimentos inseguros, acho que ainda por efeito da anestesia, que demorou muito a passar completamente.

Saímos do hospital no dia seguinte, sob protestos da pediatra, que achou cedo demais por ter sido uma cesárea. Odiei o pós-parto da cesárea. Achei muito incômodo! Não tomei a quantidade de analgésico prescrita, pois já me sentia cansada e sonolenta sem remédios. Dia e noite são apenas conceitos no puerpério.

Fiquei completamente zureta, mas o que mais me lembro dos primeiros dias são a alegria de ter aquela bebê comigo, e o incômodo da recuperação da cirurgia. As memórias são meio embaçadas, mas são essencialmente boas.

No hospital, estamos sob efeito de drogas e contamos com a ajuda da enfermagem. Em casa a coisa é diferente! Tive muita ajuda, cooperação e compreensão. Tive a tia Naná (estou devendo um post sobre ela, que merece um post!) em casa por dez dias. Ela havia curado nem sei quantos umbigos; dado não sei quanto primeiros banhos; trabalhava a noite e não se incomodava em ficar com ela de madrugada; me ensinou a colocar casca de mamão no bico do seio que rachava, o que me aliviou sobremaneira; sabia fazer massagens para as cólicas da Alice e para as minhas pernas inchadas. Moro ao lado dos meus pais, o que me permitiu o luxo de não fazer almoço por mais de um mês. Com tudo isso, e com Dudu participando ativamente (sobretudo assumindo as noites), tive um puerpério confuso, como sói ser, mas bem mais tranquilo do que pintavam mães já experimentadas com quem conversara.

A cada dia, ia descobrindo que é bem mais fácil do que dizem. Ia descobrindo que, quando a maternidade é consoante com o desejo, a gente sabe, sim, o que fazer. Faz por instinto, faz sem saber como, experimenta, erra, mas no fim dá certo.

A pediatra também nos ajudou muito! Contávamos muito com ela e seguimos ao máximo suas orientações, a despeito de todos os pitacos de todo mundo, que sempre sabe mais do que a gente sobre como criar nossos filhos. Não lemos livros, não fizemos cursos de casal grávido - até agendamos dois, mas não comparecemos a nenhum. Agimos conforme Alice foi nos ensinando. Fomos aprendendo os três juntos, como ser uma família. E viramos uma família-cooperativa.



Um outro bebê já fazia parte dos planos e já sabíamos mais ou menos para quando queríamos. Sobre ele escreverei nos próximos posts desta série.


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